hello world!

“Kwashala Blues” percorre e junta lugares, distantes e de perto - escreve Baptista Américo

Devia ser ensaísta para falar, com devida vénia, do “Kwashala Blues”. Como simples leitor, só posso dizer que a obra é um inventário que tem por mote a morte, real e metafórica, que apela a suavidade ou a mão de Deus. Entretanto, há textos dentro dos textos. Há enredos dentro dos enredos, mas que não desconfiguram a essência. Aliás, Jessemusse Cacinda, o autor, tem a agilidade, quase única, de fazer as analepses e prolepses, um tanto quanto prolongadas, mas sem se perder.

Despreocupado com a vernaculidade, entrega a cada personagem legítima fala, sem ornatos linguísticos. Reside aí a beleza de cada pedaço do texto-obra, que me leva ao “Talakune” de Miller A. Matine. O linguajar de um e outro texto leva-nos a autenticidade das personagens que não se assumem ficcionadas.

“Kwashala Blues” percorre e junta lugares, distantes e de perto. Sente-se o autor no texto, nas pessoas e nas coisas que cataloga, nos aromas e na podridão que surge. De propósito ou não, deixa escapar que é conhecedor, em pele e carne próprias, das coisas e de seus sabores, ou da cor com que se pintam.

Enfim, é um fio por se embalar, sem arrependimentos. É um livro de leitura “obrigatoriamente” ininterrupta, mas que se permite aos bocados, como matéria de meditação e confissão. Que se Leia!

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